sábado, 16 de fevereiro de 2013

Travessia Chapada Diamantina MTB - relato



Travessia Chapada Diamantina – MTB

Data: 28/10/2012 até 05/11/2012

Total percorrido: 171 km

Integrantes: Caio, Guto, Léo e André

Dia 1: Chegada em Lençóis

Após toda a correria desde Santos até Guarulhos, passando pela passagem ao Parque São Lucas para encontrar o Guto, chegamos no check-in da Gol praticamente em cima da hora. Sendo assim conseguimos chegar em Salvador. Aguardamos o horário de nosso vôo para Lençóis enquanto esperávamos a chegada do André que estava vindo de Campinas.

Lençóis é a cidade no entorno da Chapada Diamantina com o melhor suporte logístico para atender toda a demanda turística que a região oferece. Com casarões coloniais e ruas estreitas feitas de pedras justapostas é a cara do passado, relembrando certamente um pouco do que era na época do ciclo dos diamantes. Hoje, porém, a procura dos exploradores que visitam a região é por trilhas esburacadas, desfiladeiros, poções e cachoeiras de águas límpidas.  

Chegamos em Lençóis por volta das 15h e estava um calor de aproximadamente 35 graus. Pegamos nossa condução até a Pousada do Sossego e depois da recepção da proprietária Ivana, tratamos de tomar uma ducha fria e organizar nossas coisas. Na verdade tínhamos que desembalar nossas bikes, torcendo para não ter tido nenhuma avaria durante os vôos, montá-las e deixar tudo pronto para sair cedo no próximo dia.

De noite saímos para jantar e encontramos um amigo nosso de Rio Claro, o Pedrão, que hoje trabalha como guia nas diversas trilhas e atrações da região. Comemos pizza, tomamos umas cervejas e voltamos pra pousada por volta das 22h.


Dia 2: Trajeto Lençóis / Andaraí / Igatú (44,5 km)

Divergindo bastante do que tínhamos combinado na véspera, devido a diversos contra tempos, saímos por volta das 11h da manhã com destino ao Vilarejo de Igatu. A trilha se inicia a partir de um bairro da cidade e logo pedalávamos por uma mescla de estrada de areia batida, por vezes bastante arenosa, que dificultava nosso avanço, por outra sobre pedras aflorantes, com subidas e descidas não muito íngremes.

Aos 3 km passamos pela primeira drenagem, bastante seca por sinal, devido à estiagem que a região estava passando (ver GPS: 001). Segundo relatos, a falta de chuva estava afetando bastante a vida local, com queimadas e rios cada vez mais secos, e cachoeiras praticamente sem água.
A trilha segue em certos trechos, para o nosso alívio, sob a copa de árvores de médio porte e nas matas ciliares dos rios que cortam a região. Paramos diversas vezes, perto de chácaras e sítios, nas sombras de mangueiras carregadas.

Aos 8 km, pegamos uma bifurcação à esquerda (ver GPS: 002) em um trecho de areião, ao lado de uma chácara. Seguimos por trilha até outra drenagem (ver GPS: 003), onde paramos para uma boa refrescada nas suas águas e depois esticando um pouco as pernas debaixo de uma sombra de árvore. Depois de meia hora recuperamos o ânimo e disposição para voltar a pedalar.

Aos 17,5 km, após atravessar um grande trecho de areião, chegamos na Cachoeira do Roncador (ver GPS: 006). Este ponto sim merecia uma parada maior, pois já estávamos com um sol de 13h da tarde. É um lugar lindo, que tinha um grande lago, propício para umas boas braçadas e uma cachoeira com diversos níveis de quedas com água ideal para um bom mergulho.

Curtimos bastante, tomamos bastante água, nos alimentamos e tiramos fotos. O Guto quase voltou mais cedo para casa, pois chegou a torcer seu joelho quando se aventurou em um trecho de escorregador natural na base da cachoeira.

Voltamos a pedalar em um sobe-desce um pouco mais íngreme e técnico, em um trecho de 5 Km, praticamente debaixo de árvores. O Léo ainda reclamava a todo momento de ter instalado uma garupeira em sua bike, pois desestabilizava e dificultava bastante a pedalada, além de um parafuso que constantemente machucava sua perna.

Aos 24 km passamos novamente por outra grande drenagem seca e tivemos que descer da bike e empurrar por um bom trecho. Encontramos um tiozinho meio doido, que gesticulava lá do outro lado da drenagem palavras que não conseguíamos entender. Fomos de encontro e percebemos que ele queria ajuda para transpor uns sacos e malas por todo o areião. Quando vimos à quantidade de bagagem que ele tinha desistimos na hora, pois estávamos esgotados com aquele calor. Mas antes de seguir caminho apareceram três pessoas em um carro e logo deram o suporte que ele necessitava.

Aos 26 km passamos por outro areião, que na verdade era o Rio Garapa praticamente seco (ver GPS: 007). A partir daí, subimos uma estradinha mais estreita, com solo um pouco mais escuro até a pista de asfalto (ver GPS: 009) da BA-142 que nos levaria até a cidade de Andaraí.

Após 5 km de asfalto, a chegada a Andaraí foi bastante rápida (ver GPS: 010). Paramos para comer umas coxinhas fritas em um boteco e logo partimos ainda em estrada de asfalto até o início da subida para Igatu. Aos 38 km iniciamos a subida por uma estradinha bastante rudimentar (ver GPS: 011), feita por pedras sobrepostas na época do garimpo. Aparentemente parecia ser uma ascensão fácil, mas os cerca de 7 km, a maior parte deles já sem a luz do sol, aliado aos outros já percorridos, fizeram esta subida ser bastante penosa.

Com a ajuda de uma lua cheia lindíssima, chegamos por volta das 19h na Pousada Pedras de Igatu. Após deixarmos nossas coisas, Marcelino, o responsável que nos atendeu, nos deu uma grande dica sobre onde jantar. Seguimos então para o Restaurante Água Boa.

Com a sugestão do Neo, o proprietário do local, pedimos a especialidade da casa. Não demorou muito para elegermos este jantar, Baião de 2 com purê de mandioquinha, como o top de nossos tantos outros, mesmo sem experimentar os dos próximos dias. Descansamos e fizemos nosso cronograma para o dia seguinte.


Dia 3: Trejeto Igatu / Mucugê (22,5 Km)

Depois de muitas considerações decidimos que não iríamos fazer a trilha de Igatu até o Poço Azul, pois ela saia totalmente de nossa rota e também não tínhamos um carro de apoio para voltarmos para Mucugê (pois é assim que faziam a maioria dos bikers em relatos que vimos na internet).

Resolvemos ficar na parte da manhã relaxando e descansando um pouco na piscina da pousada e sair para Mucugê somente depois do almoço.

Ainda na parte da manhã visitamos o centro de Igatu (ver GPS: 012), uma cidadezinha hoje muito pacata, com suas casas históricas, que contrastavam umas com as outras pela variedade de cores. Passamos também pelas famosas ruínas de Igatu, um antigo bairro popular na época do garimpo, além do cemitério bizantino. 

Almoçamos no Água Boa e, após uma cochilada de cerca de uma hora, iniciamos nossa descida e encaramos novamente o calçamento de pedras. Logo de cara, pegamos um downhill alucinante que nos custou caro. O Léo teve seus dois pneus furados, com direito aos 4 furos em cada câmara de ar, recorde da viagem.

Depois do duplo pit stop do Léo, iniciamos um trecho de subida e logo uma bifurcação com a indicação de placa para Mucugê, seguimos ainda pelo mesmo calçamento de pedras até entrarmos em uma estradinha de terra vermelha bem batida, mais plana, que nos levaria, aos 7 km, até a rodovia de acesso para Mucugê (ver GPS: 013).

Agora em trecho de rodovia nos deparamos com uma interminável subida de 5 km onde paramos em um patamar para tirar umas fotos da placa de indicação do parque nacional (ver GPS: 014). Neste momento percebi que meu pneu tinha furado. Após a troca da câmara de ar, seguimos por uma descida alucinante de cerca de 7 km. Depois uma subida leve de 2 km e logo outra pequena descida e adentramos na cidade de Mucugê, logo ao entardecer (ver GPS: 016).

Nossa parada era a Pousada Alto das Pedras e a primeira coisa que fizemos foi remendar todas as câmeras que estavam furadas e, depois do banho, saímos para jantar no Restaurante e Bar Café.com, que faz umas maravilhosas pizzas na pedra. Aproveitamos que passamos por uma bicicletaria e compramos mais três câmaras de ar para futuras utilizações no decorrer da trilha.


Dia 4: Trajeto Mucugê / Guiné (36 Km)

Logo cedo neste dia tivemos a triste notícia do falecimento da avó da Julia, esposa do André, e sua volta precoce para casa. Apesar de todos terem ficado bastante abalado com a situação, decidimos prosseguir com um a menos. O André tomou uma condução até Lençóis e de lá seguiu para Salvador e São Paulo.

Deixamos Mucugê por volta de 9h e seguimos pela rodovia por cerca de 10 km, contornando a serra em direção a oeste até entrarmos à direita em uma estrada de terra (ver GPS: 017). 

Seguimos agora por uma estrada de terra avermelhada, sempre bordejando e tendo ao nosso lado direito os contrafortes da serra e limite oeste do Parque Nacional da Chapada Diamantina. Passamos por diversas fazendas e casas a beira da estrada, em vegetação de cerrado e muito pasto para gado.

Como estava muito seco, todo veículo que passava por nós lançava muita poeira no ar, castigando bastante nossa respiração. Assim como tínhamos visto nos outros dias, as drenagens estavam todas secas ou bastante vazias e não tínhamos uma opção segura para repor nossas reservas de água, sendo assim tivemos que fazer um pouco de racionamento.

Aos 26 km demos mais uma parada a beira de uma casinha verde e branca, bastante típica. Tiramos umas fotos e aproveitamos para descansar por alguns minutos (ver GPS: 019).

Mais alguns quilômetros e começamos a ter um visual muito bonito da serra e notamos um aumento na quantidade de nuvens, e até de sentir alguns pingos de chuva. O sol deu uma boa escondida, nos dando uma trégua (ver GPS: 020).

No início de uma descida (ver GPS: 021), por volta das 13h e aos 35,5 km avistamos o vilarejo de Guiné. Dava para observar a direção que teríamos que seguir no próximo dia, atravessando os contrafortes da chapada no local denominado de Beco para entrar nos domínios do parque nacional. 

O céu atrás da gente estava bastante carregado de nuvens escuras e logo que entramos nas ruas da cidade começou a cair uma vertiginosa chuva. Ela vinha com vontade e com certeza lavava com bom grado toda a região. Que bom que “trouxemos” a chuva, pensamos, seria um bom presságio?

Ficamos na Pousada Guiné (ver GPS: 022), aparentemente a única da cidade e de propriedade de Dayane. Como chegamos cedo, nosso almoço só ficaria pronto mais tarde, sendo assim, acabamos pedindo uns lanches e, lá pelas 17h acabamos comendo uma comida de verdade e com muita fome.

A chuva se estendeu até às 18h dando um toque mais que especial para aquela região maravilhosa. Avistávamos no alto da serra o caminho para a passagem do Beco. Ligamos para casa e logo caímos na cama, exaustos.


Dia 5: Trajeto Guiné / Capão (30 Km)

Acordamos e tomamos um belo café da manhã. Acertamos as contas e saímos, como de costume, por volta das 9h, depois de darmos uma calibrada geral nas bikes.

Fomos pedalando por uma estrada de terra que saía de Guiné(ver GPS: 024), em direção às encostas da Serra do Esbarrancado, rumo ao Beco.

Logo a estrada ficou cada vez mais íngreme e estreita e aos 3 km deste dia nos deparamos com uma placa com alguns dizeres do parque nacional e da famosa trilha que liga Guiné até o Paty. Estávamos no pé da serra, e a partir daí, a trilha se tornava bastante difícil. Paramos para umas fotos, para tomar água e ganhar fôlego para a ascensão (ver GPS: 025).

Começamos a subir, sem condições de pedalar, em meio a uma trilha bem estreita, com muitas rochas soltas e blocos irregulares. Em certos trechos não dava nem para empurrar, e tivemos que levar a bike suspensa em cima dos ombros. Demos uma parada para descanso em uma sombra de árvore quando estávamos praticamente na metade da subida (ver GPS: 026) e percebemos o quão alto já estávamos.

Mais uma hora subindo, agora sempre com as bikes nas costas, ultrapassamos o local chamado de Beco (ver GPS: 028), depois de ter subido um desnível de cerca de 400 metros. As trilhas agora eram em terreno bem mais plano, com desníveis amenos, em um single track, entre as rochas, solo e vegetação arbustiva, já dentro do parque nacional.

Seguimos agora cortando toda a parte alta desse planalto que tinha uma altitude média de 1400m, em direção ao Mirante do Paty. A velocidade agora era rápida e ultrapassamos logo uma drenagem com pouca água. Paramos na próxima drenagem (ver GPS: 030), que tinha uma água corrente bastante cristalina e não pensamos duas vezes em entrar de roupa e tudo, pois era meio-dia e estávamos precisando de um refresco. Que maravilha, renovamos toda nossa energia. Tomamos muita água, enchemos nossas garrafas e seguimos pela trilha que continuava do outro lado da drenagem.

Logo passamos por um Muro de Pedra (ver GPS: 032) e mais alguns minutos nos deparamos com um espetáculo maravilhoso, absurdo, o Mirante do Paty (ver GPS: 033). A trilha acabava abruptamente e se descortinava em um imenso vale de direção N-S, com diversos morros, dentre eles o Morrão e o Castelo, e diversas trilhas que interligavam as diversas localidades de Mucugê, Capão e Paty.

Ficamos algum tempo admirando o local, que tinha também uma árvore pequena, arbustiva, com muitos frutos redondos e ásperos bem característicos, que tomava conta de toda a borda. Como nosso destino era o Vale do Capão tínhamos duas opções, descer pela encosta até o Vale do Paty e seguir pelas trilhas em direção norte ou ir bordejando a encosta na mesma direção norte e depois descer, no momento oportuno, para as trilhas dos Gerais do Vieira. 

Este era um trecho que tínhamos bastante dúvida, desde os preparativos iniciais, pois não tínhamos muitos relatos sobre o melhor caminho. O Léo tinha certeza absoluta que era a segunda opção e eu, depois de rebobinar a memória das muitas visualizações pelo Google Earth e de outros roteiros na internet concordei com ele. Pelas nossas contas tínhamos que percorrer cerca de 6 km bordejando a encosta antes de descermos para o vale. Sendo assim, seguimos este plano.

O caminho a seguir ia bordejando a encosta em meio a uma vegetação arbustiva com gramíneas. O terreno era levemente inclinado e o solo por vezes tinha bastante matéria orgânica escura. Seguimos avante e nos deparamos com a nossa rota de descida para o vale somente aos 13 km (ver GPS: 035). Era uma trilha bastante estreita e íngreme, com muitos blocos de rochas dispersas, que não dava a mínima chance de descer pedalando. Descemos com as bikes nas costas os 200m neste desnível até o vale.

Já no vale, uma trilha bem estreita em meio a um capim nos levou até uma drenagem (ver GPS: 036). Eram 14h e recarregamos nossa água e demos uma descansada. Quando voltamos para a trilha percebemos que tínhamos errado o caminho. Pegamos o mapa topográfico e fizemos um ponto no local e percebemos que estávamos saindo da rota que levava ao Vale do Capão. Voltamos até o ponto que estávamos antes da drenagem e achamos a trilha correta.

A partir daí percorremos um single track fenomenal, muito técnico no vale chamado Gerais do Vieira. Percorremos trechos de rocha e solo branco (ver GPS: 037), com muita vegetação rasteira e gramíneas (ver GPS: 038), passando por drenagens e trechos de areião, chegando cada vez mais próximo às encostas (ver GPS: 039) que davam acesso ao Vale do Capão.

Às 16h e aos 20 km, paramos para observar o visual de entrada para o Vale do Capão (ver GPS: 040). O vale que até então estávamos pedalando foi aos poucos se estreitando e agora dava lugar a um outro patamar, um vale mais abaixo, com um estrangulamento de morros nas duas encostas laterais, em uma das mais belas paisagens de toda a viagem.

A descida agora para o Vale do Capão tinha um desnível de cerca de 200m em outro single track em terreno rochoso, bastante técnico, por vezes tendo que levar a bike no ombro, às vezes o terreno variava entre muitas raízes, arenoso e inclinado que dificulta bastante nossa descida. Existem também trechos com mata e árvores, ou seja, o que não falta são obstáculos dos mais variados possíveis.

Fizemos uma parada praticamente na metade da descida, em uma parte do single track em rochas (ver GPS: 041). Por volta dos 23 km, às 17h, demos outra parada agora na drenagem após a descida da serra (ver GPS: 042), perto do povoado de Bomba. Entramos na água para um refresco, comemos alguma coisa e descansamos alguns minutos.

Agora já em terreno mais plano, percorremos mais 7 km, dentro do vale, até chegamos ao Vale Capão ou Caeté-Açú como também é conhecido. Eram 18h e estávamos bastante cansados, pois este foi realmente o dia mais difícil até o momento. Percorremos um total de 30 km, em um dos mais impressionantes visuais de toda a viagem.

A Pousada Salão de Areia (ver GPS: 044), de propriedade de Sandra e Paulo era nosso destino. Logo estávamos procurando um restaurante para jantarmos. O vilarejo de Capão é ímpar, reduto de hippies e comunidades alternativas, além de ser a porta de entrada para a Cachoeira da Fumaça.

Com indicação do pessoal da pousada fomos até o Restaurante da Dona Belli, que faz uma saborosa comida caseira. Comemos muito, tomamos uma cerveja pra brindar um dos melhores dias e demos uma volta pelas ruas do Capão até o sono bater pesado e irmos para a pousada descansar.


Dia 6: Trajeto Capão / Cachoeira da Fumaça

Após acordarmos por volta das 8h, decidimos nosso roteiro durante um belo café da manhã. A idéia era ir de bike até a Associação dos Condutores e Visitantes do Vale do Capão, deixar as bikes e seguir a pé pelas trilhas até a Cachoeira da Fumaça, a segunda maior do Brasil, com cerca de 340 metros.

Chegamos na associação por volta das 10h (ver GPS: 045) e fomos recebidos pelo guia Alexandre que nos deu uma explicação geral sobre a segurança na trilha, preservação ambiental entre outros tópicos relativos ao passeio até a cachoeira.

Saímos caminhando por uma estrada de terra batida até entrarmos em uma trilha (ver GPS: 046) mais estreita. Ela vai subindo por cerca de 1 hora, ziguezagueando por entre rochas e vegetação nativa até entrarmos em um patamar mais plano, já dentro do planalto com uma vegetação de campo rupestre.

Seguimos caminhando pelo planalto (ver GPS: 047) cada vez mais perto da borda da queda da Cachoeira da Fumaça, e passamos por diversas pessoas que estavam voltando dela.

Cerca de duas horas depois de deixarmos nossas bikes chegamos na drenagem do rio da Fumaça, atravessamos e seguimos em direção a queda com um visual que aos poucos foi se mostrando maravilhoso. Chegamos até a pedra onde se tem uma vista fenomenal da queda, apesar de poucos terem a coragem de chegar até o seu limite (ver GPS: 048).

Como era de se esperar, a cachoeira estava totalmente seca, devido a grande estiagem. Ficamos muito tempo observando as rochas de seu imenso paredão e todo o vale impressionante que se descortinava logo abaixo.

Descansamos, tomamos bastante água e na volta resolvemos dar um mergulho no último poção, que ainda estava represado com água, antes de sua queda. Água maravilhosa, temperatura gelada que nos revigorou para toda a volta que ainda nos esperava.

Pegamos nossas bikes e descemos novamente rumo ao Vilarejo de Capão. Demos um trato nas bikes, tomamos banho e saímos para jantar e curtir um pouco da noite no Capão. Dormimos e sofremos bastante com os pernilongos, apesar de nossas camas terem mosquiteiros.


Dia 7: Trajeto Capão / Lençóis (38 Km)

Acertamos todas as despesas e partimos rumo ao nosso último dia de pedal por volta das 10h da manhã. O tempo estava bastante nublado e imaginamos que poderíamos pegar uma chuva durante o caminho.

Após cerca de 2km na estrada principal entramos em uma outra estradinha para a direita (ver GPS: 049). Novamente bifurcamos agora para a esquerda e seguimos por entre árvores em um trecho inicial de descida.

Aos 5km pegamos novamente uma bifurcação para a direita (ver GPS: 050) - Se seguir reto descendo, chega-se na Comunidade Campina. Mais uns poucos metros ainda descendo passamos por uma placa indicativa da trilha Capão / Águas Claras / Pai Inácio / Lençóis, nos mostrando que estávamos corretos, e na sequência ultrapassamos uma drenagem.

Após a drenagem iniciamos outro trecho de subida (ver GPS: 051 aos 7km) contornando a esquerda, com vista agora para o Morrão. Demos uma parada para tomar água e iniciamos um single track bem rápido, onde é necessário entrar em uma bifurcação bem escondida para a direita (ver GPS: 052). Após esta bifurcação ainda seguimos por um grande single track até outra drenagem (ver: GPS:053 aos 10km).

Passamos a drenagem e seguimos subindo. Não pegar a trilha que segue paralela a drenagem. O correto é seguir subindo por uma encosta não muito íngreme, até entrarmos em outro trecho de single track animal até outra drenagem. Passamos a drenagem e o Morrão se descortinou na nossa frente (ver GPS: 054 aos 12km).

Este agora pode ser considerado o mais louco single track desta viagem, pois descemos um trecho muito técnico e veloz, em rocha, com a paisagem do Morrão sempre a nossa esquerda. Acabamos por deixar o Morrão pra trás e chegamos em uma drenagem conhecida como Águas Claras (ver GPS: 055).

Águas Claras é um oásis de águas incolores e vegetação ciliar abundante. Na verdade foi o único lugar onde as águas contrastam com as de coloração avermelhada que encontramos durante toda a viagem. Lugar ideal para abastecer de água e descansar, pois já era 12h e o sol estava muito forte. Nadamos em um poção e comemos algo.

Cruzamos a drenagem e fomos descendo por uma trilha bem estreita, na margem direita da drenagem, até que nossa trilha deixou as margens de lado e iniciou uma pequena subida. Aos 16km iniciamos outro single track e pegamos uma bifurcação para a esquerda (ver GPS: 056).

Iniciamos uma descida por uns caminhos de pasto, que depois entrou em uma mata fechada em trilhas de gado, onde paramos para rever nossa posição, pois achamos que tínhamos perdido a trilha original (ver GPS: 057). Seguimos pela trilha de gado e cruzamos outra drenagem. 

Após a drenagem subimos a encosta pela esquerda até entrarmos em um trecho de trilha bastante estreita, com muitas samambaias e arbustos, típico de desmatamento. Neste trecho o Guto quase teve o olho perfurado por um galho pontudo que estava na beira da trilha. Se não fosse seu óculos ter rebatido o galho certamente ele estaria em grandes apuros. 

Aos 20km saímos deste interminável ziguezague por entre as samambaias e entramos em um trecho mais limpo. Seguimos por este trecho com uma velocidade bem mais rápida, pois é um trecho de descida, mais inclinado e sem curvas fechadas.

Paramos na sombra de um arvoredo quando avistamos a silueta do Morro do Pai Inácio (ver GPS: 058) e percebemos uma chuva que estava vindo em nossa direção. Tínhamos certeza que ela iria nos pegar então decidimos ir o mais rápido possível, para tentar chegar até a pista da rodovia que passa ao lado do Morro do Pai Inácio.

Não deu tempo, foi uma tremenda chuva, com rajadas de vento fortíssimas e bastante gelada, que durou apenas meia hora, mas que foi o suficiente para inundar as trilhas e molhar todos nós. Na verdade, o Léo e o Guto tinham comprado uma capa de chuva no Capão e com certeza foi bastante útil para eles.

A chuva ainda caia forte quando passamos por uma porteira e fomos em direção a uma chácara, no intuito de nos abrigar da chuva embaixo de suas mangueiras.

Passando pela casa, que estava totalmente abandonada, percebemos que a chuva estava parando. Estávamos a poucos metros da rodovia. De acordo com nosso mapa e anotações, estávamos bem perto da trilha do Barro Branco, e assim decidimos seguir por ela até Lençóis.

A trilha do Barro Branco (ver GPS: 059 aos 22km) começava ao lado desta chácara. Logo iniciamos seu trajeto, que se tornaria um dos mais difíceis de toda a travessia, pois é um single track de enorme dificuldade, com subidas e descidas em rocha, aliado ao fato de tudo estar muito molhado. 

Aos 24km (ver GPS: 060) percebemos que nossos freios estavam cada vez mais fracos devido aos desgastes das pastilhas por conta da água e areia. O Léo acabou perdendo também outro taquinho de sua sapatilha (pois já tinha perdido o primeiro alguns dias atrás).

A trilha seguia sempre a drenagem do rio e às vezes as rochas ficavam inclinadas em relação ao piso do terreno, colocando mais um ingrediente contra nossa estabilidade, colaborando com nossos inúmeros tombos (ver GPS: 061).

Após esta longa descida, saímos do trecho da drenagem e iniciamos um longo trecho de subida até uma passagem estreita (ver GPS: 062 aos 29km), dando início aí a uma descida bastante acentuada. Continuando descendo, passamos pelos conglomerados em um trecho da trilha que se tornou bastante difícil, muito escorregadio e complicado de pedalar (ver GPS: 063).

Aos 30km deixamos os conglomerados para trás e entramos em um trecho de estrada de terra, ainda sempre descendo, passando por chácaras (ver GPS: 064) e sítios. Passamos pelo cemitério da cidade aos 37km (ver GPS: 065) e depois aos 38km chegamos em Lençóis às 17h.

Tiramos uma foto na frente da igreja e comemoramos a chegada, depois de vários dias perambulando pelas trilhas desta maravilhosa região da Bahia. Dever cumprido, satisfeitos, porém com as bikes em frangalhos, ficamos relembrando cada momento marcado em nossa mente. Que trilha maravilhosa, altamente técnica, paisagens diversas, rochas, solo branco, areião e águas cristalinas, tudo valeu a pena e chegamos sãos e salvos. Agradecemos a proteção nestes dias na Chapada Diamantina. Agora é voltar pra perto de nossa família, com saudades imensas de meu Joãozinho, que tinha acabado de completar 1 ano e da minha Paulinhazinha.



DADOS DA VIAGEM


Transportes: 

Vôo Guarulhos – Salvador (Gol) - (06:00h/08:20h) – R$175,00 (individual)
Vôo Salvador – Lençóis (Trip) - (14:02h/15:00h) – R$170,00 (individual)
Ônibus Lençóis – Salvador (Real Expresso) - (23:00h/06:30h) – R$59,00 (individual)
Vôo Salvador – Guarulhos (Gol) - (09:57h/13:20h) – R$175,00 (individual)
Táxi Aeroporto Lençóis até Pousada do Sossego (4 pessoas) – R$80,00
Táxi Rodoviária Salvador até Aeroporto Salvador (2 pessoas) – R$70,00

Pousadas:

- Pousada do Sossego (Lençóis), contato: Ivana
Tel.: (75) 3334 1203 / (75) 9942 9285
Total: R$ 390,00 (ida: 4 pessoas / 1 diária; volta: 3 pessoas / 2 diárias e meia)

- Pousada Pedras de Igatu (Igatu), contato: Marcelino / Vania
Tel.: (75) 3335 7020 / (75) 9999 2821 / 8115 9688
Total: R$160,00 (4 pessoas / 1 diária)

- Pousada Alto da Pedra (Mucugê)
Tel.: (75) 8105 3234
Total: R$160,00 (4 pessoas / 1 diária)

- Pousada Guiné (Guiné), contato: Dayane / Eduardo
Tel.: (75) 3338 7029
Total: R$120,00 (3 pessoas / 1 diária)

- Pousada Salão de Areia (Capão), contatos: Sandra e Paulo
Tel.: (75) 3344 1301
Total: R$300,00 (3 pessoas / 2 diárias)

Pontos de GPS (UTM / 24L):

001: 0241197 E / 8607512 S / alt. 359m
002: 0241859 E / 8603184 S / alt. 382m
003: 0243957 E / 8594938 S / alt. 371m
006: 0243954 E / 8594912 S / alt. 343m
007: 0246029 E / 8588780 S / alt. 328m
009: 0246952 E / 8587248 S / alt. 374m
010: 0247548 E / 8583710 S / alt. 432m
011: 0249150 E / 8577774 S / alt. 535m
012: 0248405 E / 8573384 S / alt. 723m
013: 0250759 E / 8569098 S / alt. 980m
014: 0248268 E / 8566450 S / alt. 1175m
016: 0242963 E / 8560952 S / alt. 994m
017: 0235574 E / 8559314 S / alt. 1030m
018: 0231668 E / 8565490 S / alt. 1024m
019: 0228225 E / 8575544 S / alt. 1037m
020: 0228225 E / 8575544 S / alt. 1037m
021: 0224332 E / 8586098 S / alt. 1046m
022: 0224474 E / 8586934 S / alt. 975m
023: 0225287 E / 8587098 S / alt 1045m
024: 0225287 E / 8587098 S / alt 1045m
025: 0227110 E / 8587998 S / alt. 1099m
026: 0227535 E / 8588614 S / alt. 1267m
027: 0227535 E / 8588614 S / alt. 1267m
028: 0227810 E / 8588432 S / alt. 1365m
029: 0228234 E / 8587996 S / alt. 1376m
030: 0229513 E / 8586898 S / alt. 1269m
031: 0229513 E / 8586898 S / alt. 1269m
032: 0230444 E / 8586218 S / alt. 1303m
033: 0230960 E / 8585776 S / alt. 1322m
034: 0229263 E / 8592346 S / alt. 1418m
035: 0229201 E / 8592906 S / alt. 1347m
036: 0229593 E / 8592900 S / alt. 1266m
037: 0229629 E / 8592820 S / alt. 1282m
038: 0229555 E / 8594172 S / alt. 1308m
039: 0230204 E / 8596830 S / alt. 1294m
040: 0229969 E / 8597618 S / alt. 1253m
041: 0230303 E / 8598778 S / alt. 1082m
042: 0229966 E / 8599222 S / alt. 1089m
043: 0228474 E / 8604724 S / alt. 903m
044: 0228474 E / 8604724 S / alt. 903m
045: 0229094 E / 8606084 S / alt. 1007m
046: 0230767 E / 8605470 S / alt. 1020m
047: 0231071 E / 8605340 S / alt. 1337m
048: 0233316 E / 8605866 S / alt. 1289m
049: 0228477 E / 8606682 S / alt. 1006m
050: 0229175 E / 8608616 S / alt. 961m
051: 0229442 E / 8609906 S / alt. 1005m
052: 0229598 E / 8610354 S / alt. 991m
053: 0230100 E / 8611490 S / alt. 967m
054: 0230033 E / 8612772 S / alt. 967m
055: 0230230 E / 8614886 S / alt. 953m
056: 0230415 E / 8617024 S / alt. 912m
057: 0230959 E / 8617204 S / alt. 883m
058: 0231335 E / 8618762 S / alt. 870m
059: 0233392 E / 8619530 S / alt. 859m
060: 0234155 E / 8618182 S / alt. 908m
061: 0235780 E / 8615702 S / alt. 802m
062: 0236311 E / 8615276 S / alt. 836m
063: 0236755 E / 8615094 S / alt. 803m
064: 0237418 E / 8613638 S / alt. 708m
065: 0240325 E / 8610726 S / alt. 450m

Travessia Chapada Diamantina MTB - imagens

 Léo e André na Pousada do Sossego, Lençóis

 Primeira dreanagem saindo de Lençóis

 André, Guto e Léo, primeira parada

Cachoeira do Roncador

Caio na Cachoeira do Roncador

Estrada de pedra dos garimpeiros na subida para Igatú

Cruz no alto de um afloramento, subida para Igatú

Jantar no Restaurante Água Boa, Igatú
Baião de 2, Restaurante Água Boa, Igatú

Casarão em Igatú

Ruínas em Igatú

Pousada Pedras de Igatú

Bateias da época do Ciclo do Diamante, Igatú

Casas típicas em Igatú

Praça Central em Igatú

Casas típicas em Igatú
Casas típicas em Igatú

Casas típicas em Igatú

Casas típicas em Igatú

Comércio em Igatú

Pousada em Igatú

Bar Igatú

Cemitério Bizantino, Igatú

Igreja no Cemitério Bizantino, Igatú

Detalhe da Igreja, Igatú

Antigas ruínas de Igatú

Ruínas de Igatú

Bateia no Museu das Ruínas de Igatú

Vista da Pousada Pedras de Igatú

Lagarto em Igatú

Lagarto em Igatú

Sapo tomando sol em Igatú
Restaurante Água Boa, Igatú
Neu, proprietário do Água Boa, Igatú

Videiras no Restaurante Água Boa, Igatú

Rodovia em direção a Mucugê

Léo, rodovia em direção a Mucugê

Restaurante Café.com em Mucugê

Interior do Café.com, Mucugê

Interior do Café.com, Mucugê

Pousada Alto da Pedra, Mucugê

Guto, estrada em direção a Guiné

Vista da Serra do Esbarrancado

Área rural, em direção a Guiné

Léo, Caio e Guto, estrada para Guiné

Vista para Guiné ao fundo

Detalhe de Guiné e da estrada em direção ao Beco

Nuvens carregadas se aproximando de Guiné

Pousada Guiné
Chuva após vários meses, Guiné

Estrada em direção ao Beco

Limite oeste do Parque Nacional da Chapada Diamantina
Trilha em direção ao Beco, alto da serra

Indicação da Trilha Guiné-Paty

Bromélias no início da subida para o Beco

Guto e Caio jogando Capoeira, subida para Beco

Trecho da subida para o Beco

Perfil das escarpas do parque nacional

Guto e Léo, subida para o Beco

Vista da passagem pelo Beco

Flor, dentro do Parque Nacional da Chapada Diamantina

Dentro dos limites do parque nacional

Refrescando em uma drenagem

Caio no Mirante do Paty

Guto, no Mirante do Paty

Vista para o Morro do Castelo

Bordejando pelas encostas do Mirante do Paty

Morro Branco e Castelo, Paty

Trecho de descida para os Gerais do Vieira

Gerais do Vieira

Trilhas no Gerais do Vieira

Descida do Gerais do Vieira em direção ao Vale do Capão
Guto e o Vale do Capão ao fundo

Trilha Vale do Capão / Cachoeira da Fumaça

Vista para o trecho do último dia, Morrão

Caio e Léo na trilha em direção a Cachoeira da Fumaça

Léo e Guto com Morrão ao fundo

Guto e Caio com Morrão ao fundo

Vegetação na trilha em direção a Cachoeira da Fumaça

 Vegetação perto da Cachoeira da Fumaça

Vegetação perto da Cachoeira da Fumaça

Rio da Fumaça, nas imediações da queda

Piscina natural no Rio da Fumaça

Plantas nas imediações da Cachoeira da Fumaça
Borda da queda da Cachoeira da Fumaça

Borda da Cachoeira da Fumaça

Perfil da queda da Cachoeira da Fumaça

Cachoeira da Fumaça, 380 metros de desnível

Caio voando pela Cachoeira da Fumaça

Caio, com Morrão ao fundo

Léo, nas Águas Claras

Guto, deixando as Águas Claras e Morrão ao fundo

Paisagem após deixarmos Águas Claras

Morrão ficando cada vez mais para trás

Chuva vindo em nossa direção, Pai Inácio ao fundo

Bikes, antes da última parte da trilha, Barro Branco

Trilha do Barro Branco, após a chuva